Quando o assunto é dinheiro, algumas ideias equivocadas se espalham com tanta força que passam a ser tratadas como verdades absolutas. O problema é que seguir conselhos errados no mundo dos investimentos pode custar caro — não só financeiramente, mas também em tempo perdido e oportunidades desperdiçadas.
A seguir, apresento cinco das maiores mentiras sobre investimentos que ainda influenciam decisões de muita gente.
Mentira 1: “Poupança é segura.”
Essa é uma das ideias mais difundidas no imaginário financeiro brasileiro. A poupança é considerada por muitos como um porto seguro, um lugar onde o dinheiro está protegido. Mas essa “segurança” é relativa.
O rendimento da poupança é, historicamente, inferior à inflação em muitos períodos. Isso significa que o dinheiro aplicado ali perde poder de compra com o tempo. Na prática, você está guardando para o futuro e, ao chegar lá, poderá comprar menos do que hoje.
Segurança real em investimentos vai além de evitar perdas nominais — ela envolve proteger o valor real do seu dinheiro e buscar rendimentos que, ao menos, superem a inflação.
Mentira 2: “É só deixar com o gerente do banco.”
Essa ideia parte do pressuposto de que o gerente do banco é um consultor pessoal de finanças, alguém focado em oferecer as melhores soluções para o seu perfil. Na realidade, ele é um funcionário com metas comerciais, cujo papel é vender os produtos da instituição que o emprega.
Isso não significa que todos os gerentes atuem de forma mal-intencionada, mas é preciso entender o contexto: ele trabalha para o banco, não para você.
Tomar decisões financeiras com base apenas na recomendação de quem representa uma instituição específica pode resultar em produtos caros, com baixa rentabilidade ou com riscos que você desconhece. Educação financeira e, quando possível, uma assessoria independente são alternativas mais alinhadas aos seus interesses.
Mentira 3: “Bolsa é cassino.”
Esse argumento é comum entre quem tem pouco conhecimento sobre o mercado de ações ou já teve experiências negativas. A comparação com o cassino parte da ideia de que investir em ações é uma aposta aleatória, movida por sorte ou intuição.
No entanto, a bolsa de valores é um ambiente de investimento fundamentado. Análise, diversificação, disciplina e visão de longo prazo são os pilares de quem investe com consciência. O risco existe, mas ele é gerenciável e, para muitos perfis, necessário para conquistar maiores retornos ao longo do tempo.
Tratar a bolsa como um cassino é ignorar o fato de que ela é uma das principais ferramentas de construção de patrimônio no mundo.
Mentira 4: “Day trade é o jeito mais rápido de enriquecer.”
O day trade, prática de comprar e vender ativos no mesmo dia visando lucros rápidos, ganhou popularidade nos últimos anos com promessas de dinheiro fácil, liberdade financeira e riqueza instantânea.
Mas os dados contam outra história: a maioria das pessoas que tenta viver de day trade tem prejuízo. Não por falta de inteligência, mas por falta de preparo, estratégia, controle emocional e compreensão profunda do mercado.
Day trade é uma atividade de altíssimo risco e exige nível profissional de dedicação. Não é um atalho. Para quem está começando ou tem objetivos de longo prazo, essa estratégia raramente é o caminho mais eficiente.
Mentira 5: “Renda fixa não tem risco.”
O nome “renda fixa” induz ao erro. Parece algo garantido, estável, previsível. Mas, embora esses investimentos sejam considerados mais conservadores que a renda variável, eles também carregam riscos.
Existem pelo menos três grandes tipos de risco na renda fixa: o risco de crédito (a possibilidade do emissor não pagar), o risco de liquidez (dificuldade de resgatar antes do vencimento) e o risco de mercado, que afeta o valor de títulos quando vendidos antecipadamente, especialmente em cenários de alta de juros.
Ignorar esses riscos pode levar a decisões mal informadas, como resgatar um título com deságio ou concentrar capital em emissores com baixa solidez financeira. Conclusão Desconstruir essas mentiras é o primeiro passo para uma jornada financeira mais consciente. Investir bem começa com informação, passa pela responsabilidade e se fortalece com o tempo. O que parece “óbvio” ou “seguro” muitas vezes esconde armadilhas — e entender isso é um diferencial poderoso para quem quer crescer financeiramente.