Se você sente que o seu dinheiro compra cada vez menos no supermercado, não está sozinho. A inflação segue pressionando o bolso dos brasileiros e, no centro desse problema, está um fator que nem sempre recebe a devida atenção: o equilíbrio das contas públicas.
Nos últimos meses, o governo federal tem apostado no aumento da arrecadação como estratégia para lidar com o déficit fiscal. No entanto, para muitos especialistas e para o mercado financeiro, essa não é uma solução sustentável. O gasto público continua elevado e, sem um controle efetivo, os sinais de alerta se multiplicam.
O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), eleito com apoio tanto da base governista quanto da oposição, trouxe esse debate para o centro das atenções logo em seus primeiros dias no cargo. Em entrevista recente, Motta foi categórico ao afirmar que o problema fiscal do país não será resolvido apenas com aumento da arrecadação. Para ele, enquanto os gastos não forem contidos, o efeito será insuficiente para reequilibrar as contas públicas.
Essa declaração ecoa uma preocupação já manifestada pelo próprio mercado: quando o governo gasta mais do que arrecada, o resultado é previsível. O aumento do endividamento pressiona o câmbio, elevando a cotação do dólar, o que impacta diretamente os preços de produtos importados e insumos da indústria nacional. Com isso, a inflação ganha força, corroendo o poder de compra da população e mantendo as taxas de juros elevadas por mais tempo.
Outro ponto relevante levantado por Motta foi o papel do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dentro do governo. Segundo ele, Haddad tem defendido maior controle das contas públicas, mas estaria sendo “vencido” internamente nas discussões que envolvem corte de despesas. Essa informação, se confirmada, reforça a tese de que o governo enfrenta dificuldades em ajustar sua política fiscal para dar uma resposta concreta ao problema da inflação.
O que esperar daqui para frente?
A posição da Câmara sobre o tema pode ser um fator decisivo nos rumos da economia nos próximos meses. Se o Congresso avançar em uma agenda de responsabilidade fiscal, o impacto pode ser positivo: o dólar tende a se estabilizar, a confiança do mercado melhora e a inflação pode dar sinais de alívio.
Por outro lado, se o governo seguir ampliando gastos sem um plano efetivo de controle, o cenário se torna mais desafiador. O risco fiscal aumenta, investidores ficam mais cautelosos e o peso sobre o bolso dos brasileiros continua crescendo.
O recado está dado: o Brasil precisa equilibrar suas contas se quiser dar um passo real rumo à estabilidade econômica. O tempo dirá se a política fiscal adotada será suficiente para aliviar a pressão sobre a inflação e garantir um ambiente mais previsível para consumidores e investidores