Educação financeira influi nas adesões ao consórcio

O Sistema de Consórcios tem registrado crescimento significativo ao longo dos últimos anos. Um dos responsáveis por esse avanço é o maior conhecimento do consumidor sobre educação financeira.

Recentes estudos elaborados pela assessoria econômica da ABAC mencionam que a renda é um dos fatores preponderantes na decisão para adesão do consumidor ao consórcio, porém, não é a única responsável.

“Além da renda, que sem dúvida é um fator econômico indispensável, pois sem ela não há poder de compra, o brasileiro adere ao mecanismo por entender sua importância no planejamento financeiro pessoal”, diz Luiz Antonio Barbagallo, economista da ABAC. “Deixar o imediatismo do consumo de lado e investir planejadamente na aquisição de bens e serviços é educação financeira pura”, complementa.

De acordo com a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF, promovida pelo Governo Federal, educação financeira é um processo no qual os indivíduos melhoram sua compreensão em relação a dinheiro e produtos com informação, formação e orientação. 

“Ao compreender o mecanismo de cada item financeiro, temos um consumidor mais consciente e seguro ao tomar decisões que impactam suas finanças pessoais”, ressalta Barbagallo. 

População economicamente ativa (PEA) x consórcio

A intensa influência da educação financeira pode ser observada em uma análise comparativa do crescimento da população economicamente ativa (PEA), de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e do total de participantes ativos do Sistema de Consórcios, baseado nos informes da ABAC, de 2001 a 2023.

Na tabela abaixo, verifica-se que a expansão dos consorciados foi superior ao avanço da PEA. Enquanto os primeiros evoluíram 212,7% naquele período, o outro foi apenas 29,1%. “Isto indica que há mais e mais consumidores economicamente ativos aderindo aos consórcios nos últimos vinte e três anos”, entende Barbagallo.

Ainda, enquanto em 2001 os participantes ativos do Sistema de Consórcios representavam 3,88% da PEA, ao final de 2023 esse percentual saltou para 9,39%. “Em 23 anos, mais que duplicou a presença daqueles que colocaram o planejamento financeiro à frente das compras por impulso”, ressalta Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.

O levantamento feito pela assessoria econômica da entidade assinalou ainda que, em períodos de turbulências econômicas vivenciadas no país, o consórcio apareceu como opção segura para alocação dos recursos dos consumidores. “Pode-se verificar picos de participação quando da recessão de 2015 e durante a pandemia, em 2020”, registra Barbagallo.

Educação financeira e consórcio

Independentemente da classe social do consumidor, considerando o consórcio como importante na inclusão social, a adoção de boas práticas financeiras tem sido fundamental na busca da qualidade de vida. 

“O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer nessa área”, afirma Rossi. “Todavia, é possível notar progresso nas tomadas de decisões”.

No início deste ano, usuários e conhecedores da modalidade entrevistados em pesquisa realizada pela Kantar Divisão de Pesquisa de Mercado, Insights e Consultoria da WPP a pedido da ABAC, afirmaram as motivações que os levaram a participar dos consórcios: “O consórcio é um jeito de guardar dinheiro”, “As parcelas eram compatíveis com a minha renda e parcelas cabiam no meu bolso”, e, “Tem menores custos e menos taxas que outras formas de adquirir um bem”.

Trata-se de razões que justificam o otimismo em relação à conscientização do brasileiro na abordagem das questões financeiras. “O consórcio é um mecanismo que facilita as boas práticas do planejamento individual, profissional, familiar e empresarial. Além disso, é um indutor do desenvolvimento econômico do país”, finaliza o presidente executivo da ABAC.

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