No fim de março de 2025, o Banco de Brasília (BRB) anunciou a aquisição de 58% do Banco Master em uma operação estimada em R$ 2 bilhões. A notícia movimentou o mercado financeiro — não apenas pelo valor envolvido, mas pelo perfil das instituições e pelas implicações que essa fusão pode gerar para investidores, correntistas e o setor público.
De um lado, o BRB, controlado pelo Governo do Distrito Federal, tem expandido sua atuação nacional com foco em digitalização e novas parcerias. Do outro, o Banco Master — que, apesar de não ser listado em bolsa, tem demonstrado bons fundamentos financeiros. Em 2024, registrou um lucro líquido de R$ 1,068 bilhão e um patrimônio líquido de R$ 4,74 bilhões, segundo relatório recente da XP.
A operação, no entanto, levanta pontos que merecem análise criteriosa.
Boa parte dos ativos considerados de maior risco — como precatórios e fundos ilíquidos — ficaram de fora do acordo. O BRB está adquirindo o controle acionário, mas não a totalidade do balanço do Master. E isso muda a leitura de risco da operação, tanto para o banco comprador quanto para quem investe nas duas instituições.
O que muda para os investidores? O papel do FGC.
Talvez o ponto mais negligenciado — mas crucial — para quem possui aplicações em CDBs ou LCIs/LCA de qualquer um dos dois bancos seja o impacto sobre a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Hoje, o FGC cobre até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por instituição financeira. Mas em casos de fusão ou aquisição, essa regra sofre alteração.
Segundo o próprio FGC, dois meses após a aprovação formal da operação pelo Banco Central, as instituições passam a ser tratadas como uma só. Isso significa que, para fins de garantia, os valores investidos no BRB e no Banco Master serão somados. O que ultrapassar R$ 250 mil fica descoberto.
Em outras palavras: quem tem R$ 200 mil aplicados em CDBs no Master e outros R$ 150 mil no BRB, por exemplo, pode ter R$ 100 mil fora da proteção do FGC, caso a fusão seja concluída e não haja redistribuição dos valores.
Transparência e estratégia: o que esperar a partir de agora.
A aquisição ainda depende do aval do Banco Central e do CADE, e o Ministério Público do Distrito Federal já abriu um inquérito para investigar possíveis impactos dessa operação nos cofres públicos.
Do ponto de vista estratégico, a XP classifica o movimento como relevante para o posicionamento nacional do BRB, mas destaca que os desafios de integração e o momento financeiro do Master — com alto volume de CDBs a vencer no curto prazo — precisam ser acompanhados com atenção.
Não se trata de alarde, mas de planejamento. Investidores devem reavaliar sua exposição e, se necessário, redistribuir aplicações para manter o equilíbrio entre rentabilidade e segurança.
Conclusão:
Essa operação é um marco para o sistema bancário regional e privado no Brasil. Mas como em qualquer movimento bilionário, os detalhes fazem toda a diferença — especialmente para quem não pode se dar ao luxo de descobrir tarde demais que seu dinheiro estava desprotegido.
Se você investe no BRB ou Banco Master, agora é a hora de olhar com lupa. A boa informação sempre chega antes do prejuízo.